quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Medo.

Medo.

Passar o cadeado grande no portão da frente, aquele que me liga diretamente com o mundo fora de casa. Verificar se o contato da alça está bem firme na orelha de ferro do batente, depois checar o painel da cerca elétrica: a luz vermelha deve piscar intermitentemente, sinalizando para você que os dez mil volts impedem qualquer ser vivo de ultrapassar os muros altos.
Em seguida, fechar as três chaves da porta de entrada, sintonizar o rádio em alguma estação religiosa e deixá-lo ligado para simular que alguém está acordado, orando, cheio de fé, protegido por Deus.
Depois da primeira escada, ligar a TV bem baixinho. Algum intruso pensará que um notívago atento passa a noite na sala assistindo programas imorais, sentado na poltrona escondida nas trevas da devassidão.
Ao ultrapassar a segunda escadaria, é preciso averiguar se as janelas deste andar estão bem trancadas, cada uma com duas trancas de ferro, além das tramelas de segurança.
A esta altura já posso já posso procurar na televisão de meu quarto algum canal de filmes de terror e dormir, morta de medo de ficar trancada aqui para sempre.

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