quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Poema de Hilda Hilst.

Hilda Hilst


"Aflição de ser eu e não ser outra.
Aflição de não ser, amor, aquela
Que muitas filhas te deu, casou donzela
E à noite se prepara e se adivinha
Objeto de amor, atenta e bela.

Aflição de não ser a grande ilha
Que te retém e não te desespera.
(A noite como fera se avizinha)

Aflição de ser água em meio à terra
E ter a face conturbada e móvel.
E a um só tempo múltipla e imóvel

Não saber se se ausenta ou se te espera.
Aflição de te amar, se te comove.
E sendo água, amor, querer ser terra."

2 comentários:

  1. nossa! seu blog, os textos, os desenhos, sao LINDOS! uma ternura só!

    ResponderExcluir
  2. Obrigada Laura. Gostei muito de seu blog também.
    Se você já escreve assim aos 19, imagine aos 29, 39, 79, 109?

    ResponderExcluir