sexta-feira, 21 de maio de 2010
Tolices com ácaros.
Gosto de poeira, de prateleiras cheias de mistérios, do debaixo da escada, das traças. Gosto até da barata grande que mostra as antenas no desnível do forro de madeira e, de alguma forma, sabe que não vou matá-la.
Cartas amareladas de minha mãe, a letra pequena de professora. Textos de meu pai, borrados de papel carbono, às vezes achados no fundo da gaveta de lingerie.
Retratos de cachorros que já morreram e meus próprios retratos antigos, menina boba que envelheceu e ainda passa baton e insiste no colorido.
Dos cupins não gosto, mas não os vejo.
Respeito a lagartixa que não entra em meu quarto pois sabe que tenho medo dela, das ventosas nas patinhas, da pele fria.
Demais, gosto dos cachorrinhos filhotes que às vezes fazem xixi na minha cama, mas nem ligo, só arredo meu corpo para o seco. São laguinhos de leite.
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