quinta-feira, 16 de setembro de 2010
Panorama Arte BH
O encontro de artistas tão diversos em suas linguagens e aspectos estéticos foi possível por estar pautado no
princípio da liberdade expressiva. Um olhar plural sobre a prática artística detendo o fluxo da existência,
paralisando o momento, extraindo-o do tempo e simultaneamente criando um espaço concreto, um
templo de se sentir a arte de Belo Horizonte, no qual, sobre a pressão da emoção, se constrói uma
realidade feita do belo, imortalizando-a. Uma grande tela semicircular, panorâmica, na ambiência física.
Abreuvalle parte da geometria para construir elipses que se interiorizam num vórtice e se expandem
num ritmo pulsante que aprisiona o olhar, mas tranquiliza a mente. Modernidade.
Adão Rodrigues, vibrante nas cores a captar a essência daquilo que se guarda da tradição mais
profunda, com cuidado tece a partir do desenho, um fascinante enredo de elementos cromáticos no
campo da tela. Conhecimento.
Graça Malveira se entrega em cores e formas articulando a efemeridade do que é humano, deixando
transluzir com maestria a flor, o fruto, a coisa. Revela-se pelo ar etéreo que imprime em seu tracejar, em
seu pincelar. Delicadeza.
Hogenério opera contornos precisos, intensos de cores vibrantes em seu interior. Na destreza lúdica
de sua pintura, desvenda ícones que remetem às lembranças capazes de revelar a riqueza da própria
existência. Divertimento.
Iara Abreu articula os recursos pictóricos construindo uma poética própria do cotidiano citadino. Com
ótica alegre e despojada vai pintando seus relevos e seus personagens que sugerem novas maneiras de
interpretar a vida. Urbanidade.
Luiz Pêgo se mescla no eclético; nas múltiplas possibilidades que a intenção de deixar fluir permite, e
conquista ora a religiosidade ora a sensibilidade que espraia na frontalidade do suporte com arranjo
peculiar. Liberdade.
Mauro Silper cria possibilidades do nada, num exercício de equilíbrio construído com precisas
espatuladas, contrastes vivos de texturas e um sempre-movimento. Harmonia.
Ronaldo Mendes transforma o espaço da tela num palco de sonhar onde as paisagens oníricas são
reveladas e a fantasia do simples, do puro é materializada, como um capricho da imaginação. Singeleza.
Rosana Mendes Campos expressa seu universo urbano azul-esverdeado, onde as janelas são como
passagens de uma existência a outra, da dura realidade para além das margens do horizonte, do
individual para o coletivo, do eu para o nós. Vivência.
Selma Weissmann traz a energia do feminino que transcende com fluidez, mistério e enlevo a fronteira
da tela. Três mulheres, três vidas, uma idealidade. Encantamento.
Cristina Fonseca
Setembro/2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário